Vitória contra o aumento abusivo do IPTU
A população de Vitória viveu dias tensos no primeiro semestre deste ano, mas foi à luta, de forma exemplar, quando a Prefeitura começou a cobrar o IPTU 2007. O imposto subiu de forma abusiva, atingindo a todos os bairros da cidade, inclusive os bairros mais carentes. Moradores da capital foram surpreendidos ao receberem o carnê do IPTU com acréscimo, em muitos casos, de até 200%.
Em um país que tem a maior e mais injusta carga de impostos do mundo, a forte reação popular foi proporcional à indignação de quem é obrigado a pagar inúmeros e caros impostos no seu dia-a-dia.
Esses mesmos contribuintes não recebem o bom retorno dos impostos pagos, na forma de serviços públicos de qualidade. Para agravar, a população ainda assiste todos os dias a escândalos e casos de corrupção, que parecem não acabar, provocando um enorme descrédito na classe política.
O fato de a cobrança do aumento abusivo do IPTU não ter livrado nenhuma região de Vitória uniu realmente a cidade e levou representantes de 50 bairros de classe média, remediados e pobres a criarem o movimento IPTU JUSTO. Organizados, mantiveram uma rotina de protestos por quase 3 meses, colheram milhares de assinaturas por toda a cidade. O movimento também fez passeatas, atos públicos e lotou a Câmara de Vitória
Embora a PMV tenha se esforçado para justificar de todas as formas o aumento, vários aspectos merecem reflexão:
A valorização do valor venal dos imóveis foi súbita e feita de uma só vez, inclusive em regiões carentes - Os imóveis residenciais e comerciais, em toda a cidade, sofreram uma enorme correção no valor venal na atualização súbita da Planta Genérica de Valores (PGV). A valorização dos imóveis no mercado imobiliário foi a justificativa para a correção da PGV. Esse ato não levou em consideração a situação sócio-econômica vivida pelas famílias, que apenas habitam esses imóveis e têm renda limitada. Esses cidadãos, na quase totalidade proprietários que não vivem da venda de imóveis, são apenas moradores, ou famílias que pagam aluguéis e são obrigadas a pagar também o IPTU, com o aumento abusivo.
A valorização dos imóveis provocou outro pesado aumento de imposto, agravando a situação dos moradores dos Terrenos de Marinha - A Secretaria do Patrimônio da União já começou a utilizar a nova PGV da Prefeitura de Vitória para aumentar em até absurdos 400% os valores da famosa e injustificável Taxa sobre os Terrenos de Marinha e Acrescidos de Marinha. Novamente o impacto se espalhou por toda a cidade. Novamente o dinheiro da população é retirado, nem os mais pobres foram poupados. Esse forte impacto parece não ter sido previsto pelos que promoveram a súbita atualização da PGV dos imóveis de Vitória.
Qual a importância desse aumento para o orçamento da cidade e prestação de serviços? Toda a arrecadação com o aumento abusivo do IPTU vai gerar um acréscimo de aproximadamente
A Prefeitura de Vitória, nos anos de 2005 e 2006, arrecadou, mas não conseguiu investir na cidade, tendo uma queda de 50% nos seus investimentos. Essa forte queda nos investimentos da cidade, por dois anos seguidos, nunca havia acontecido antes. A PMV, investiu menos do que o munícípio da Serra, por exemplo, que dispõe da metade dos recursos no seu orçamento.
Quem paga o aumento do IPTU deixa nos cofres da PMV 15 vezes mais do que a Prefeitura vai usar beneficiando os isentos do IPTU. As isenções de IPTU sempre existiram em Vitória e são plenamente justificáveis e necessárias. Mas, as isenções não podem ser usadas para justificar o aumento abusivo do IPTU. Esse aumento tira do bolso de 80 mil famílias de Vitória, aproximadamente 15 milhões de reais! – mais do que o 1milhão de reais, que a PMV deixará de arrecadar com as isenções. Assim, fica fácil constatar, que quem paga o imposto, contribui com aproximadamente quinze vezes mais do que necessário para cobrir o valor da renúncia fiscal decorrente do segmento isento do IPTU.
A Prefeitura foi forçada pela opinião pública a recuar, mas o problema continua.
Depois de afirmar por várias vezes que não iria rever o aumento abusivo do IPTU, as manifestações não pararam e foram se alastrando pela cidade. O Prefeito foi forçado a recuar e anunciou um desconto de 20% sobre os aumentos que chegaram a 200%. Isso obviamente não resolveu o problema.
Um desconto de 20%, por exemplo, sobre um aumento anterior de 200%, é na verdade um novo aumento de 140% !
Ainda assim, a PMV se nega a fazer qualquer revisão da atualização da PGV, ponto central na discussão e que provoca um efeito cascata mais prejudicial ainda no valor das taxas sobre os Terrenos de Marinha, que chegou a aumentar inacreditáveis 400%.
Data de Publicação: quarta-feira, 01 de agosto de 2007
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